
Ocupando uma página inteira, o texto vem acompanhado de três fotos, duas delas no topo da página com uma legenda única: “Dois aspectos do sepultamento de Aninha, a mãe de santo de São Gonçalo do Retiro. O ataúde carregado por irmãos de São Benedito é conduzido até o Cemitério da Quinta dos Lázaros. À direita, parte da multidão que formava o cortejo fúnebre”. No meio da página, vê-se “A última fotografia de Aninha, que faleceu aos 68 anos de idade”.
A morte de Aninha, no dia 3 de janeiro de 1938, levaria uma multidão ao cemitério Quinta dos Lázaros, onde a mãe de santo seria sepultada, em cova rasa. Ao introduzir o seu texto, Edison Carneiro não economiza palavras elogiosas ao se referir a “grande perda”, “com o falecimento anteontem da mais popular Mãe de Santo da Bahia – D. Eugênia Ana dos Santos”. Em seguida, informa sobre o fato de ter sido Aninha filha de santo do candomblé do Engenho Velho – o mais antigo do Brasil – na época dirigido pela ialorixá Maximiana Maria da Conceição. E continua:
E apesar de ser o seu próprio “terreiro” mais rico, mais concorrido e mais belo do que o da linha do Rio Vermelho, Aninha sempre reconheceu ao Engenho Velho a supremacia espiritual dos Candomblés da Bahia e, portanto, do Brasil. Ali, na “roça” de São Gonçalo se observava, na sua maior pureza, o culto nagô aos deuses africanos.
Seu objetivo com essas palavras, como é possível observar em momentos anteriores, era valorizar aquilo que considerava mais tradicional, posicionando hierarquicamente acima dos demais, com rituais e costumes mais próximos das raízes africanas.
Universidade Federal da Bahia: Autor / Discente: Vinícius Clay
Na foto: Edison de Souza Carneiro (Salvador, 12 de agosto de 1912 — Rio de Janeiro, 2 de dezembro de 1972) foi um escritor brasileiro, especializado em temas afro-brasileiros.
Fez todos seus estudos em Salvador, até diplomar-se em Ciências Jurídicas e Sociais pela Faculdade de Direito da Bahia, em 1936 (turma de 1935).
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